Sunday, April 29, 2012

VELHO ONCEIRO


Dom Aquino Correia (em memória)

Fôra o rei dos onceiros, e trabuco
Era o seu nome, Mas ninguém diria
Do seu passado, ao vê-lo assim caduco,
A dormir e rosnar, sem serventia.
Se dentre o cheiro de algum acre suco
Da mata, o faro da onça ele sentia,
Saía e acuava, pobre cão maluco!
Ao pé de qualquer árvore bravia.
E o seu latido, na solidão do mato,
Tinha um quê de tão lúgubre e agoureiro,
Que parecia estremecer as flores.
Triste parecia estremecer as flores.
Triste de quem confiou no mundo ingrato,
E depois chora como velho onceiro,
As mortas ilusões dos seus amores!




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