Tuesday, August 21, 2012

RECORDANDO


Firmo de Santana

Acordes de violões nas ruas sombrias...
As serenatas que já vão distantes...
Valsas que embeveciam... As melodias
Que não esqueço, nem os priscos amantes.

O saudoso "Xixi" e seus delirantes
Sopros no saxofone. Que magias
De pulcra execução saiam constantes
Do almo Mago naqueles longes dias.

José "Fogueteiro" e "Chico Bombardão",
Ramalho, o saudoso Alfredo Leite,
Quatro titãs do nosso bom tempão.

Recordar essa gente é ter canteiros
De prazer, de boa música, o deleite
De escutar uma endecha de CALHEIROS.
(Foto do Livro "Os Aldeões de Garanhuns" de Alberto da Silva Rêgo. Alfredo Leite Cavalcanti e sentado o Poeta Catulo da Paixão Cearense, ano de 1938).

Monday, August 20, 2012

RETRATOS



Rinaldo Souto Maior 11/1986

Ao poeta e "Mochileiro" José Inácio Rodrigues. (in memoriam)

Na Boa Vista vejo, no alto da casa
paroquial, bebendo vinho de missa,
Padre Cornélio e o boêmio Zé catão
Na voz langrosa de Wilson da Mota
o poeta intangível de Hélio Peixoto,
ressuscitando todos ouvidos:
"Garanhuns terra dos seus avós, terra
das manhãs frias e dos bonitos arrebóis"...
Ao fundo acordes musicais do violão de
Euclides Pernambuco.

Velhos retratos malogrados e pelo
tempo amarelecidos que, de repente,
em minhas lembraças, tomam forma.
Revivem fortes cores, multicoloridas,
nas entranhas recordadas.
Esses retratos...
Refazem imaginações e espectros do passado.

Conta-corrente acesa apenas pela chama
temporal do sucesso, o mundo somente
reconhece êxitos e não perdoa malogros,
na verdade de um filósofo chinês.

Contabilização difícil do passado com
o presente, na aritmética heterogênea das pessoas.
Que se somam menos.
Então poeta que em São Paulo nasceste de migrantes
nordestinos, "mochileiros" quatrocentões da boa cepa
garanhuense?
Quantas coisas tens recitado em todos entreveros
das lutas empreendidas, das vitórias auferidas, e dos
malogros também amargados?

Tudo isso na multiplicação de tantos "amigos meus,
amigas minha" no refrão do boa-noite radiofônico em que
evocas o passado, perenizando-o no presente!
(Na foto: Antiga Padaria Royal, hoje Padaria Suiça).

Sunday, August 19, 2012

O VELHO GENERAL


José Rodrigues da Silva (in memoriam)

Cabelos brancos e carapinhados, lábios grossos e maxiliar inferior visivelmente saliente, surgiu nesta cidade, lá pelas bandas do Sítio Várzea, um preto velho que atendia pelo apelido de General. O mundo inteiro vivia a tirania da segunda guerra mundial. A rapazeada dividia-se em opinião, muitos procuravam o Exército para voluntariamente irem à guerra; outros fugiam para lugares mais distantes, enquanto isso, várias nações pegavam fogo. Nos dias de domingos ou feriados, as pessoas adultas reuniam-se para falar sobre os acontecimentos bélicos, ali, também, estava o velho General. Com seus oitenta anos e não perdendo tempo, General dizia haver servido na Guerra do Paraguai, ao lado do General Osório:

-Combati valentemente as forças de Solano Lopes e trouxe a vitória para o Brasil. Estou no final da vida, mas se me derem as mesmas armas daquele tempo, irei sozinho para a Alemanha, arrancar de unhas o bigode de Hitler.

Essas aventuras contadas pelo preto velho, valeram-lhe o apelido de General. General era diferente de muitas pessoas que se zangam quando tratadas por apelido. Ele quando passava por alguém que lhe chamava de General ao invés de ficar zangado balançava a cabeça em sinal de agradecimento, como que exigindo respeito. Quando alguma pessoa perguntava por sua origem, respondia:

-Sou filho de Africanos, pertenço a raça que colaborou para o engrandecimento deste país durante sua colonização.

General não respeitava os anos, trabalhava de sol a sol no eito dos fazendeiros de café da região, e quando tinha alguma folga cuidava de sua pequena roça, o espojeiro, como ele mesmo chamava. Os anos foram passando e com eles foram desaparecendo o vigor físico do velho guerreiro. Um certo dia General recebeu um ultimato de um certo fazendeiro que o mesmo teria vinte e quatro horas para deixar a fazenda. Aqui não tem lugar para quem não pode trabalhar.

No mesmo dia, às quatros horas, de alforje às costas se despedia do Sítio Várzea e também daquele para quem na mocidade dera tudo para seu enriquecimento. Sem forças e sem dinheiro para realizar uma grande viagem, General se localizou numa casa velha existente na Rua das Tábuas, nas proximidades da Vila Maria pertencente ao Capitão Tomaz da Silva Maia. Alí seria o local ideal para o preto velho que carregava noventa anos pedir esmolas. Meses depois, desabou uma parede do casebre onde residia. Como reconstruir, se não dispunha de um tostão, e as esmolas que recebia davam somente para alimentação. De repente, veio-lhe uma idéia, pedir ao prefeito do município uma ajuda de alguns tijolos e telhas retiradas das construções da prefeitura. Na época, o prefeito era Dr. Celso Galvão que embora sendo civil, era militarista de coração. Apoiado num cacete que lhe servia de pernas, subiu a ladeira do açude e veio em direção a prefeitura falar com o interventor. Com grande esforço conseguiu chegar até ao local desejado. Mas, como falar com Dr. Celso Galvão se ninguém legava para sua pessoa. Triste e de cabeça baixa, sentado nas escadaria do prédio, esperava uma difícil oportunidade para se avistar com o chefe do município. De repente, inesperadamente, passou por ali o Jornalista Ulisses Pinto que ia em direção ao gabinete do prefeito. Como todo mundo sabe, Ulisses sempre foi o maior encrenqueiro político desta cidade. Com medo das encrencas de Ulisses, Celso Galvão lhe dava passagem livre. Penalizado, o Jornalista perguntou ao velho General o que estava fazendo aqui, e de lágrimas aos olhos, General contou a Ulisses a razão de sua vinda a prefeitura. Minutos depois estavam chorando os dois. Foi ai que Ulisses falou : O senhor fala agora mesmo com o Dr. Celso.
Como sabia do prestígio que Celso Galvão desfrutava nos meios militares, ao entrar no gabinete, disse:

- Dr. Celso, o General faz uma hora que espera para falar com o senhor.

Dr. Celso pulou da cadeira, chamou o contínuo e disse:

- Arrume imediatamente o gabinete que eu vou receber um General.

Ulisses Pinto por haver mentido procurou dar o fora, porém minutos depois foi introduzido no gabinete do prefeito, o preto velho. Celso ficou danado de raiva com Ulisses, porém, como já o conhecia nada procurou fazer, entretanto atendeu ao General de mentira. Assim viveu General no meio da sociedade sem ser visto por ela. Talvez, quem sabe, seja hoje, no céu um General de verdade. (Fonte: Livro "Almas Anônimas", foto: antigo Cine Glória Avenida Santo Antonio, século passado, arquivo pessoal).

Friday, August 17, 2012

CANÇÃO


Ao Dr. Souto Filho

Belarmino da Costa Dourado

Acorda mulher formosa,
Junto as águas de crystal
A lua já beija a rosa,
Num beijo nupcial.

Entre as molhas orvalhadas
Dormem os sylphos sonhando,
Ao som brandas toadas
Dos bardos, que vão cantando.

Acorda, o rio, o outeiro,
Se desata em mil canções,
Desde as trovas do barqueiro
Aos cantos das solidões.

Vém em minha alma os fulgores
Plantar da fé que preciso;
Sorrirás, flor dos amores,
Basta-me a luz de teu riso.

Cresce a noute, abre a janella
Que o luar banha de luz;
Desperta, é linda a aquarella
Que a natureza produz.

Já da aurora a branca estrella
Se esvae, qual pallida flor.
Ficas dormindo donzella,
Quanto tudo diz amor?

Acorda, etherea falúa,
Num voar subtil de luz,
Lá do céo descendo a lua.
Boia nos lagos azues.

Vém ouvir a voz plagente
Da guitarra harmoniosa,
Que além se ouve dolente
Na noite silenciosa.

Vém ouvir, que a noute expira
No seio da creação,
"Na extrema corda da Lyra,
A derradeira canção".
(Fonte: Jornal "O Sertão" maio de 1919.)

Manoel Gouveia "Um Amante da Músico e do Canto"


Manoel Vicente da Cruz Gouveia nasceu em Água Preta-PE, à 13 de fevereiro de 1902, chegando a esta cidade no início de 1919. Ficou encantado com o nosso clima em pleno verão e por aqui resolveu ficar trabalhando como comerciário. Torna-se grande amigo do cantor Augusto Calheiros, onde ficaram frequentes muitas cantorias dos dois boêmios por nossa cidade.

Foi um dos fundadores do Sport Club em 1919, onde participava das "Horas de Arte", editou em 1934 a revista "Escolas" de distribuição gratuita e participou da diretoria da Sociedade de Cultura. Logo se junta ao Grupo Polimático, em todas suas fases, com Maria Augusta dos Santos e outros afeiçoados à arte cênica, também se incorporando ao "Coro" da Catedral de Santo Antonio acompanhado de Marcelino Batista, Israel Carvalho(violinistas), e o Padre Godoi. Onde houvesse música e canto Manoel Gouveia lá estava, e como excelente cantor tomou parte em programas saudosistas da Rádio Difusora de Garanhuns(Rádio Jornal).

Em 1928 instala em nossa cidade a Tipografia e Livraria Escolar, ficando como uma de suas marcas a sua maneira alegre e carismática em atender as pessoas, sempre com um belo cantar. Faleceu em 30 de novembro de 1998 aos 96 anos.

Wednesday, August 15, 2012

Soneto


Raimundo Athanásio de Moraes (Dezembro de 1975)

Não lamentes viver entre a maldade,
Porque disso é que vive a criatura;
Bem sabes que o sofrer da humanidade
Faz parte desse mal que nos tortura.

Anos e anos, desnudos e sem bondade,
Noites ingratas, dias sem ventura,
Sombras de vidas, justiça, verdade,
Lares inteiros cheios de amargura...

Visão distante, a despertar tristeza,
Volvendo o tempo em infernal crueza,
Ofuscas résteas nos olhares santos...

Enfim, crueldades, sofrimentos, prantos...
Retalhos de penúrias, desencantos,
Nesse conjunto rico de pobreza.
(Foto: Bairro de Heliópolis, início do século passado)

Tuesday, August 14, 2012

ABDIAS DE NORONHA BRANCO


"Seu Abdias"(foto) como era chamado foi um bravo lutador pela vida, como empresário e político por sinal dos mais honestos de nossa terra. Abdias de Noronha Branco, entra, na história desta cidade que ele tanto amou como um homem de bem a toda prova.

No campo da política foi vereador, vice-prefeito e prefeito desta terra que lhe serviu de berço. Da santa terrinha das "Colinas Verdejantes".

No passado ou seja na República Velha, acompanhou o intimorado Souto Filho seu parente, o maior chefe político de todos os tempos, ao lado do seu primo Elpídio de Noronha Branco. Depois seguiu os passos ao lado de outros políticos, com o Dr. Cleofas de Oliveira. Abdias Branco, pela sua liderança após o ano de 1945, firmou-se como chefe da oposição entre nós, presidindo a UDN de velhas recordações ao mesmo tempo que Elpídio Branco, eleito deputado estadual pelo PSD ficou contrário aos seus princípios. Antes de 1930, Abdias Branco foi Delegado de Polícia de Garanhuns, onde demonstrou espírito de justiça e de galhardia. Mas, como política da noite para o dia, novamente estariam juntos Elpídio e Abdias pois como é sabido, o correligionário de hoje, poderá ser o adversário de amanhã. Isto é uma constante da vida política brasileira. Após e redemocratização (1945) iniciamos nossa vivência democrática ao lado de "seu Abdias", Francisco Figueira, Ernesto Dourado(sogro de Abdias), Jorge Branco, seu irmão, Deusdedit Maia, José Vaz da Costa, Othoniel Gueiros, Alfredo Leite Cavalcanti, Raimundo Cavalcanti, Aloísio Pinto e de tantos outros cobras da UDN.

No campo dos esportes, Abdias Branco pertenceu a diretoria do Esporte Clube de Garanhuns, onde deu provas do seu valor. Como vice-prefeito, ocupou o cargo de prefeito deixado pelo Dr. Luiz da Silva Guerra, onde demonstrou ótima capacidade de trabalho. A bela Avenida Dantas Barreto foi toda remodelada por "seu Abdias".

O atual bairro de São José, na sua parte alta que é chamado pelo povo de bairro da Brasília, onde foram edificadas dezenas de casas sobre os auspícios do antigo IPASE. Aquelas terras era de Abdias Branco e foi ele o condutor das referidas construções e fazia gosto muitas vezes ver o mesmo dirigindo um trator. O trabalho sempre o empolgou. Seria até justo que o bairro da Brasília fosse chamado de "bairro Abdias Branco" em sua homenagem, pois em vida ele foi um grande homem público e deixou uma marca exemplar e de uma transparência edificante para os garanhuenses.

A história saberá guarda-lo no "portal da glória". Seu perfil de homem sincero e trabalhador, ficará na lembrança de seus parentes "mochileiros" e dos que o conheciam de perto. Faleceu em 6 de fevereiro de 1989.(Fonte: Coluna "Politicando" do Saudoso Jornalista Ulisses Pinto, Jornal "O Monitor" em fevereiro de 1989).



Sunday, August 12, 2012

VOCALISTAS DA SAUDADE - MUNDO CÃO

Thursday, August 9, 2012

BELARMINO DA COSTA DOURADO O "DECANO DOS LITERATOS DE GARANHUNS"


Poeta, jornalista e teatrólogo, considerado o "decano dos literatos de Garanhuns", na sua época, também teve uma atuação política no município. Seus pais foram: Dr. José da Costa Dourado e Maria Rosalina de Araújo, sendo ele formado pela Universidade de Coimbra, onde defendera tese para alcançar tão cobiçado título, vindo residir em Garanhuns em 1862, onde adquirira uma parte de terra, no sítio denominado "Buraco" que pertencera, em 1805, ao Capitão Comandante Luís Tenório de Albuquerque, tendo substituído o nome "Buraco" para "Sítio Laranjeira". Cedo encaminhou o filho Belarmino Dourado(foto) para Recife onde chegou a estudar no Liceu de Artes e Ofícios, sem no entanto, ter concluído o curso.

Homem de inteligência invulgar, Belarmino na juventude iniciou-se na arte de versejar. Em 1895 estava fundando a primeira Sociedade Literária nas Alterosas. Antes, em 1887, publicou um livro de versos, "Névoas Sertanejas", com 64 páginas, prefaciado por João Peixoto. Em 1903 organizou a "Loja Maçônica Mensageiros do Bem", ocupando o lugar de orador. No jornal "O Sertão" aparece em 1909, publicando seus poemas e colabora com este órgão durante toda a sua existência. Igualmente deu sua parcela no "O Jornal" de Souto Filho (1911), e em outros inúmeros matutinos da Cidade e da Federação Brasileira. Na qualidade de teatrólogo produziu muitas peças, algumas levadas ao palco por amadores da "Terra Querida". Na função pública, no cargo de Secretário do Conselho Municipal (1912/15). Na atividade particular, no comércio de cereais e estivas.

Belarmino Dourado era casado com Ana Alexandrina Correia Dourado e deste matrimônio nasceram: Euclides Dourado que foi Prefeito de Garanhuns, Agilberto Dourado, o pintor; Julieta e Marieta. Nasceu em Goiana e faleceu em 29 de dezembro de 1919 em Garanhuns.
(Fonte da pesquisa: Livro "Os Aldeões de Garanhuns" de Alberto da Silva Rêgo. Foto: arquivo particular).

O Relógio de Flores


Luiz Gonzaga de Lima (Gonzaga de Garanhuns)

Sobre o solo implantado
No silêncio trabalhando
Os seus possantes ponteiros
Horas certas vão marcando
O seu mostrador de flores
A beleza vai mostrando.

Brancos ponteiros indicam
O tempo que vai passando
Seu maquinário possante
No silêncio trabalhando
Seu tic-tac contínuo
Silencioso vibrando.

Este relógio de flores
Na vasta praça se aferra
Se aderindo com vigor
Nas coisas da minha terra
Orgulhando com fervor
O dorso da minha terra.
(Foto: Relógio de Flores da Praça Tavares Correia).

Wednesday, August 8, 2012

TIMBÓ FAZENDA ANTIGA ACOLHEDORA E AMIGA


Abel Paiva Ivo

A casa estava no chão,
A sombra de um tamboril,
A folhagem de um jasmim,
Quase entrando na cozinha,
O perfume que ele tinha,
Nem um outro jasmim tem.

Ainda lembro também,
Lá em baixo estava a fonte,
No outro lado era o monte,
A Serra da Caridade,
Também se via a Cidade,
Uma parte da rua da Areia.

E a Vila não é feia,
Timbosinho de seu Rosendo,
Parece até que estou vendo,
A humildade Vila que era,
A Igreja quase tapera,
Quem sabe, feita de barrote.

Por trás pastavam garrotes.
E tinha moitas de bambús,
Que acolhiam os anús,
Que acariciavam o gado,
Ao lado daquele cercado,
A fazenda cafeeira.

Pertencia a Padroeira
Aquela rica fazenda,
Todo dinheiro da renda,
Faziam a festa pra Santa,
A fé do povo era tanta,
Que a Santa enriquecia.

Ali na frente existia,
Lindas palmeiras, lendárias,
Talvez até centenária.
Do tempo da escravidão,
Suas flores forravam o chão,
Quando granavam os frutos.

Seus homens são resolutos,
Com atos que enobrecem,
Por isto mesmo merecem
Tudo o que pode ser dito.
Timbó fazenda antiga,
Acolhedora e amiga!

HÁ DEZ ANOS O MONS. ADELMAR NOS DEIXAVA


MONS. ADELMAR

José Inácio Rodrigues (novembro de 2008)


Ainda o vejo circunspecto, determinado, altivo, prático.
Presença intuitiva, visionária, eclética e vigorosa.
Palavra serena, firme, de uma reflexão maravilhosa.
Mestre primoroso, seguro e disciplinador enfático!

Era, ao mesmo tempo, orientador austero, simpático.
Sua aula era tão consagradora, e, tão corajosa,
Que a nossa juventude se espelhava orgulhosa,
Naquele sacerdote, tão meigo e tão carismático.

Como era gostoso subir aquele ladeira,
entrar na capela, lá da Praça da Bandeira,
e, receber as sabias lições de Mons. Adelmar!

Ah! como sinto saudade daquele padre impar,
que, infelizmente, partiu, deixando em pranto,
nos, seus alunos, que amávamos tanto!

(Na foto: Ano de 1978, Capela do Colégio Diocesano de Garanhuns 1ª Comunhão de Montini e Anchieta Barros. Professora Elisabete Miranda e o Mons. Adelmar da Mota Valença, de saudosas memórias).


Tuesday, August 7, 2012

SAUDOSISTA



Frevo-Canção que animou o nosso carnaval em 1982 de autoria do nosso conterrâneo, Nelson Paes. Homem que amava esta terra e que também foi autor do Hino do Centenário de Garanhuns.

Letra: Nelson Paes
Música: Nina de Oliveira

SAUDOSISTA

Onde estão? Onde estão?
O Pierrô e a Columbina...
blocos dos sujos,
lança-perfume
Confete e Serpentina?

Eu encontrei
apenas um palhaço,
que chorando
deu a mão prá mim.
Os mascarados
não estão aqui!
nem na rua
nem no botequim...
vou fazer uma queixa,
vou me queixar ao mandarim!

Você me diz
que sou SAUDOSISTA,
Sou SAUDOSISTA sei que sou!
quem não sente a saudade,
do carnaval que já passou?

(Foto: Carnaval do Sete de Setembro década de 60- Da esquerda para direita: Zeca Mecânico, Zezinho, Cícero de Luiz Preto, Zezé Bento,(?), Zezinho do Táxi, Messias e Ernesto. Agachado: Jornalista Humberto de Moraes).



Thursday, August 2, 2012

ATUAÇÃO DO DEPUTADO ANTÔNIO SOUTO FILHO NA CONSTITUINTE DE 1934





DEPOIS DE UMA PRISÃO ARBITRÁRIA EM 1931, E DE PASSAR ALGUNS MESES EM SÃO PAULO PARA SE DISTANCIAR DAS PERSEGUIÇÕES, SOUTO FILHO VOLTA À PERNAMBUCO SENDO ELEITO DEPUTADO CONSTITUINTE EM 1933.


Em janeiro de 1933, no Recife, Souto Filho(foto) é um dos fundadores e vice-presidente do Partido Social Republicano de Pernambuco, em oposição ao Partido Social Democrático, criado por Carlos de Lima Cavalcanti.
Ele estava pronto para mais uma luta eleitoral. Desta vez, por um partido de Oposição e candidato à Assembléia Nacional Constituinte nas eleições marcadas para 3 de maio daquele ano, as primeiras com o advento do voto secreto e livre do eleitor.

Não seria bem assim. Acontecia que ao ser chamado, o eleitor assinava o nome na lista de comparecimento e recebia das mãos do fiscal do partido do Governo, uma chapa para ser colocada na urna que ficava sobre a mesa de votação, à vista de todos. Não havia as chamadas cabines de votação. Tudo era claro e ostensivo. O eleitor de oposição tinha que levar a sua própria cédula ou consultar a papeleta que continha os nomes dos candidatos de todos os partidos. Votar contra o Governo era um ato difícil e de coragem. Pior: terminada a votação, o sistema permitia que os mesários, a maioria governista, completassem as listas de votação, assinando e votando pelos que ficaram em casa. Os próprios mesários abriam as urnas, contavam os votos e redigiam as atas. A revisão do resultado só ocorreria tempos depois nas Comissões de Verificação da Câmara. Mesmo assim, não deixava de ser um avanço em relação ao processo que ocorria na República Velha.

Chega o grande dia. As eleições, em todo o Estado, transcorrem de forma tranquila. A Imprensa acompanha com liberdade e as manifestações dos eleitores em favor de candidatos são respeitadas. Começavam a chegar ao Palácio da Justiça, local da apuração, os primeiros resultados da contagem de votos de várias regiões do Estado. Souto Filho foi o único candidato da oposição eleito para a Assembléia Nacional Constituinte. Cristiano Cordeiro obteve votos suficientes para se eleger, entretanto, por ser comunista e candidato por partido avulso, foi vítima de uma manobra que lhe tirou a vitória. Sobre a conquista de Souto Filho, no dia 6 de maio, o Jornal Pequeno registrava na primeira página: “Ontem, à tarde, em todos os recantos da Cidade, o assunto obrigatório nas conversações foi a vitória eleitoral do Dr. Souto Filho que ultrapassou o quociente eleitoral adquirindo 3.921 votos em primeiro turno. Foi o Jornal Pequeno de ontem quem deu, em primeira mão, essa notícia que causou surpresa no Recife inteiro”.

No mesmo dia, também na primeira página, o Diario de Pernambuco destacava: “No 1º turno, apenas foram eleitos os candidatos João Alberto, Barreto Campello, Agamenon Magalhães e Souto Filho”. Já o Jornal do Commercio, também do dia 6, narrava o clima de euforia dos admiradores de Souto Filho: “Sufocado quase pela avalanche de amigos e correligionários, que no afã de cumprimentá-lo não lhe davam trégua sequer para um suspiro, o prestigioso líder garanhuense, assim mesmo, ainda teve tempo para, numa rápida fuga, nos conceder alguns minutos de palestra, atendendo a uma solicitação nossa”.

Souto Filho voltava de forma triunfante à cena política. Seus adversários teriam que engolir aquele sapo, mas o vinho do Porto quem iria tomar era ele, na sua Garanhuns, junto com a família e centenas de admiradores, na festa da vitória do filho ilustre que estava sendo preparada pelos seus amigos Manoel Agripino do Rego Barros, Luiz Guerra, Elpídio Branco, José Marques de Oliveira, Lafayete Rezende, Francisco Figueira, Ary Barreto, Abdias Branco, entre tantos outros.

Em carro especial atrelado ao comboio da Great Western, Souto Filho, junto com sua família e amigos, segue com destino a Garanhuns. Nas estações de Canhotinho e Angelim, recebe grandes manifestações de apoio. Após a chegada apoteótica em Garanhuns, formou-se um grande cortejo em direção à sua casa, com direito a banda de música e foguetório. Durante a festa, realizada na sede do Sport Clube de Garanhuns, o melhor na época, Souto Filho pronunciou um discurso que traduzia todo o seu sentimento em relação aos dissabores que havia sofrido e a vitória recente. Eis os principais trechos, selecionados por sua filha Gerusa em seu livro Memórias de Amor: “Há pouco mais de três anos, quando eleito à Câmara Federal, dissolvida pelo poder das armas, os meus conterrâneos me ofereceram um banquete nesta cidade, no qual, diga-se de passagem, vi alguns convivas, que aqui não vejo. Naquele tempo, eu era um candidato do partido dominante e tinha nas mãos dos amigos todas as posições oficiais. Poder-se-ia dizer que ontem eu teria recebido um repasto de áulicos, mas, hoje, quando estou distante do poder, e por ele injustiçado e combatido, ninguém dirá que esta festa não seja uma viva expressão do sentimento de Garanhuns com o seu modesto filho, que, no decorrer da sua vida pública, sempre procurou honrar e engrandecer o rincão natal. É que a eloquência da de agora, ressalta menos do fato em si mesmo, do que do momento e condições em que é feita. A de hoje vale mais do que a de ontem, tanto para vós, como para mim. Com o revés de outubro de 1930, advém-nos uma quadra de pleno arbítrio, na qual, ficamos sujeitos a toda sorte de achincalhes, de perseguições, de violências, de difamações, pondo-se no pelourinho das torturas morais, a honra dos vencidos, exceto a daqueles que, por fraqueza ou conveniência, foram se engajando nas fileiras dos vencedores. Crivaram-nos com todos os defeitos e imputaram-nos de todos os desmandos, crimes e malversações, numa orgia satânica de ferir, denegrir e inutilizar, sem se lembrarem do que mais alto do que a injúria soez, há de falar a sociedade em que vivemos, testemunha incorruptível e serena dos erros e acertos dos nossos serviços e desserviços, dos nossos defeitos e qualidades. E já começou a falar, apesar de todas as coações exercidas contra os nossos amigos. Os nossos adversários esperavam, que o processo de ultraje fosse suficiente para nos incompatibilizar com a opinião pública da nossa querida terra e que os sofrimentos morais vos abatessem o ânimo viril e vos matassem todas as aspirações, decorrentes do direito de cidadania. A todos prometo que, no seio da Assembléia Nacional Constituinte, procurarei desempenhar o mandato, com que me honraram, de conformidade com as minhas forças e de acordo tanto quanto possível, com o programa do partido, que inscreveu o meu nome no rol dos seus candidatos. Não darei lustre à investidura, mas me sinto com as necessárias forças morais para exercê-la com probidade e patriotismo, sem me deixar arrastar pelos desvarios da paixão partidária e sem me subordinar a outros interesses que não sejam do Brasil, ávido de ordem para prosperar, de direito para viver e de liberdade para respirar. Nas resoluções desta Constituinte, que vai dar ao País politicamente desorganizado, o estatuto básico dos seus destinos, o meu voto e os meus esforços se somarão aos daqueles que propugnarem pelo restabelecimento das normas sábias e liberais da velha Constituição, que, a meu ver, só merece ligeiras modificações, reclamadas umas pela experiência da vida federativa e outras forçadas pelas circunstâncias do momento político. É possível que seja forçada a válvula fechada, como se fez na Constituinte 90/91 e a Nação possa começar a pôr seus delegados a se manifestar mais livremente. Do anteprojeto constitucional, também mandado elaborar pelo Governo provisório pouco ou nada se conhece, mas, é de crer, que, não venham, em seu contexto, inovações exóticas ou dispositivos atentatórios da nossa crença religiosa e dos direitos de segurança, liberdade e propriedade tão caros a comunhão brasileira e tão resguardados pela Carta Política, que a revolução espatifou. Destes-me, meus caros amigos, a vitória e ainda me festejais. Assinalas-te, assim, o ponto culminante de toda minha carreira política. Se pudesse encerrá-la hoje, recolher-me-ia à vida privada, sobranceiro e compensado de todas as suas agruras, abraçando os amigos que me elevaram e até perdoando os adversários, que, em vão, tentaram me desconceituar por todos os meios e modos. Mas isto não é possível: seria egoísmo, desprimor e fraqueza, seria não corresponder a vossa confiança e não ser digno dos vossos ingentes sacrifícios. O meu lugar, é ao vosso lado. Agora e sempre.”

O Hotel América, na Rua do Catete, recebe, mais uma vez, a família Souto Filho. Os amigos do Rio festejam a chegada do constituinte pernambucano. O general Góis Monteiro era um assíduo visitante da família. Ironicamente, o general liderou, mais tarde, um golpe anticonstituinte contornado por Getúlio Vargas. Ficavam horas conversando sobre política. As crianças retomavam seus estudos e matavam as saudades. Souto Neto voltou a frequentar o tradicional Colégio Santo Antonio e a jogar futebol com o filho do deputado baiano, Magalhães Neto, Antonio Carlos Magalhães, hoje ex-senador. O Rio de Janeiro, mais do que nunca, era o foco das atenções de todo o Brasil. Duzentos e oitenta e um homens e apenas uma mulher, a paulista Carlota de Queiroz, iriam decidir sobre os destinos do País, elaborando uma nova Constituição, embora o Governo provisório tenha elaborado um anteprojeto para servir de base na sua feitura.

Empossado em novembro de 1933, Souto Filho é um dos que se destacam na Constituinte, ganhando espaço na Imprensa pela sua atuação em diversas áreas de trabalho da Carta, que seria promulgada em 16 de julho de 1934:

A Nova Constituição: “Sempre me incluí entre os que entendiam que o Brasil poderia poupar o trabalho da feitura de uma nova Constituição, uma vez que, a que nos legaram os republicanos de 1891 é uma das melhores do mundo. Merecia reparos de ordem técnica e algumas modificações aconselhadas pela experiência e pelos reclamos da evolução, o que se poderia fazer sem desfigurar a beleza da sua forma e sem quebrar o ritmo de sua harmonia”. (Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 6/4/34).

Autonomia dos municípios: “O artigo 119 do substitutivo, em seu parágrafo segundo, preceitua que o prefeito ‘poderá ser nomeado pelo governo do Estado, na capital ou naqueles onde o Estado custeie serviços municipais’. Com este ‘poderá’, o cidadão há de ficar às tontas nas vésperas de uma eleição, sem saber se o governo tem ou não candidato a nomear, já que a nomeação é facultativa. E não é só isso, A autonomia municipal ficará exposta ao maior desvirtuamento, podendo mesmo desaparecer praticamente do quadro das conquistas democráticas. Estou clamando contra os atentados à autonomia dos municípios”. (Jornal do Commercio, Rio de
Janeiro, 6/4/34).
Defendendo os interesses dos Estados e de Pernambuco: Apresenta emenda ao art. 14 do anteprojeto. “Elimine-se do nº 1 do art. 14 as palavras ‘de consumo’ que devem figurar no inciso 1º do art. 15, eliminando-se daquele artigo as palavras ‘bem como o global’ e deste as ‘bem como o cedular de renda’. Reconhecemos que é do maior interesse econômico para o País, ficar o imposto de exportação pertencendo à União. O anteprojeto, porém, não bem se apercebeu da verdadeira situação dos Estados, em face da permuta que faz, dando a estes o imposto cedular da renda e à União, o imposto sobre a exportação. Com tão avultadas obrigações, com déficits alarmantes e com o decréscimo sensível da arrecadação, não será possível ao Estado abrir mão da sua maior fonte tributária (em Pernambuco, o açúcar), sem uma compensação razoável. O imposto de consumo deve conciliar e parece ser o único que compensaria o imposto de exportação, além de ser mais justo que aos Estados caiba, na distribuição tributária, o referido imposto. Daí a nossa sugestão no sentido de a União cedê-lo aos Estados ao invés da renda”.

Contra o divórcio: “Voto contra a qualquer sugestão que queira implantar o divórcio no Brasil. Além de defender os ditames da minha consciência, faço cumprir um compromisso de campanha com a igreja católica, que defende o preceito do casamento indissolúvel. A polêmica do tema, exaustivamente debatida nos jornais da minha terra ao longo dos anos, deixou clara a reação dos pernambucanos a essa iniciativa. A evolução da sociedade e dos costumes dirá o momento apropriado para nova discussão. Agora, não”. (Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 22/12/33).

Mudança no Regimento: “Daria o meu voto a qualquer modificação regimental no sentido de se apressar a constitucionalização do País, mas sem sacrifício do exame e discussão de projetos e suas emendas. O substitutivo da comissão de política à indicação de Medeiros Neto, além de trazer no seu fecho a possibilidade da inversão da ordem dos trabalhos, absurdo que o bom senso já repeliu, reduz a meia hora o prazo para cada congressista falar sobre o projeto, inclusive emendas, que proponha em restrição, o que impossibilita o exercício do mandato e conspurca a finalidade da Assembléia Constituinte. Por isso voto contra o aludido substitutivo”. (Jornal do Comércio, Recife, 10/12/33).

Contra o Conselho Nacional: “O Conselho Nacional, como está proposto, é um quarto poder e mais forte do que os outros, não só pela órbita da competência, que lhe traçaram, como pelos privilégios que lhe deram. É um órgão destinado a viver em perene conflito com os outros poderes, perturbando-lhes a ação e entravando a marcha dos negócios públicos”. (Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 10/04/34).

Os jornais de Pernambuco acompanhavam os trabalhos da Constituinte exaltando os seus representantes preferidos. O Estado mantinha uma linha de independência e incomodava o interventor Carlos de Lima. No início de março de 1934, a polícia invade a redação do jornal, exigindo que seja publicada uma nota oficial do interventor, sem direito a comentários. Com a negativa da direção da empresa, nova invasão, depredação e ameaças. No dia 8 de março, Souto Filho vai à tribuna para protestar contra a violência:

“Sr. Presidente, pedi a palavra para comunicar à Assembléia que, ao entrar neste recinto, recebi um telegrama relatando o fechamento virtual d’O Estado, órgão que se edita no Recife. Apresento o meu veemente protesto contra essa violência do governo de Pernambuco.

Agamenon Magalhães: Vossa Excelência, que está falando em liberdade e em intolerância é o representante do regime de maior intolerância que se instituiu em Pernambuco.

Souto Filho: O regime do qual Vossa Excelência fez parte, juntamente comigo, como deputado.

Agamenon Magalhães: Sempre defendi as liberdades públicas.

Souto Filho: Apoiando o Governo do senhor Sérgio Loreto e outros.

Agamenon Magalhães: Vossa Excelência é um retardatário, só hoje é que vem falar aqui em liberdades públicas.
Souto Filho: Retardatário é Vossa Excelência, que sempre foi um reacionário.

Agamenon Magalhães parte em direção de Souto Filho, mas é impedido pelo general Cristóvão Barcelos, que se coloca entre eles. Agamenon tem uma crise de nervos e não consegue sequer articular as palavras, naquele momento. O episódio teve ampla repercussão no Rio de Janeiro. O presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Herbert Moses, se solidariza com Souto Filho e com a direção d’O Estado. A liberdade de Imprensa era um imperativo para a maioria dos constituintes e sociedade em geral. Souto Filho, um jornalista extemporâneo, conseguiu chamar a atenção do País contra o cerceamento da Imprensa pelo interventor Carlos de Lima. O Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, no dia 12 de março, fazia coro junto com toda a Imprensa carioca: “Causou péssima impressão, nos meios jornalísticos e políticos, o restabelecimento da censura aos jornais de Pernambuco”.

Um mês antes da promulgação da Carta, Souto Filho, se despede dos trabalhos na Constituinte, votando contra a elegibilidade de Getúlio Vargas, chefe do Governo provisório, à Presidência da República. Vargas, entretanto, no dia seguinte à promulgação da Constituição, foi eleito, indiretamente, pela Assembléia, presidente da República, tomando posse em 20 de julho para um mandato constitucional até 1938. A nova Constituição manteve a Federação; proíbia a reeleição dos chefes executivos, exceto aqueles que se encontravam nos cargos naquele momento; mantinha a autonomia dos Estados; reconhecia os direitos sociais; acabava com os Senados estaduais, mantendo só as Câmaras e criava a figura do deputado classista, eleito pelos sindicatos, entre outras medidas.
(Fonte da Pesquisa: Livro de Ildelfonso Fonseca: "A essência do político no frasquinho de veneno").

DIOCESE DE GARANHUNS COMPLETA 94 ANOS


Em 2 de agosto de 1918, foi criada a Diocese de Garanhuns, pela Bula Pontifícia do Santo Padre Bento XV.
Foi seu primeiro prelado o Exmo. Revmo. D. João Tavares de Moura(foto), que naquele ano ocupava a Paróquia de Olinda, onde foi sagrado bispo na velha Sé, vindo somente tomar posse do Bispado no princípio de 1919.

BULA PONTIFÍCIA:

BENTO PAPA XV, SERVO DOS SERVOS DE DEUS, ao dileto filho João Tavares de Moura, Bispo eleito de Garanhuns, saúde e benção apostólica.
O ofício de reger, apascentar e governar a Igreja Universal, confiado a nossa humildade pelo Eterno Príncipe dos Pastores, impõe-nos o onus de cuidar diligentemente que a todas as igrejas sejam dados pastores que saibam e possam apascentar com eficiência o Rebanho do Senhor.
Como ainda não tenhamos dado um pastor à Igreja de Garanhuns na República brasileira, que, com nossa autoridade apostólica, erigimos sufragânea da Sede Metropolitana de Olinda e Recife, por nossas Cartas Apostólicas dadas em Roma junto a São Pedro, no dia 2 de agosto do ano do Senhor de mil novecentos e dezoito, quarto do nosso pontificado, Nós, pretendendo prover o bem não só da mesma Igreja de Garanhuns como também de sua grei, com a nossa autoridade apostólica e tendo consultado os Veneráveis Irmãos Cardeais da Santa Igreja Romana, te elegemos de Pároco da Cidade de Olinda para a dita Igreja Catedral de Garanhuns, e, constituindo-te bispo e pastor, confiamos-te o governo e a administração da mesma Igreja de Garanhuns quer nas coisas espirituais como temporais, com todos os direitos, privilégios, onus e obrigações inerentes ao pastoral ofício.
Queremos, porém, e ordenamos que, observando tudo que se deve observar por direito, antes de receberes a sagração episcopal, faças, diante de um bispo católico em comunhão com a Sé Apostólica, a profissão de fé e os juramentos de praxe, segundo as fórmulas que seguem anexas, remetendo à Sé Apostólica dentro de seis meses, os mesmos juramentos ou cópias, assinadas pelo mesmo bispo.
A esse prelado, por ti escolhido, nós confiamos a missão de receber em nosso nome e da Igreja a profissão de fé e os juramentos. Queremos também que a Paróquia que atualmente reges na cidade de Olinda, fique vaga por esta nossa provisão, com efeito porém suspensivo até à posse de tua nova sede. A colação daquela mesma Paróquia ficará reservada a Sé Apostólica.
Pelas presentes cartas nós reservamos também e à Sé Apostólica determinar, em qualquer tempo, uma nova circunscrição desta Diocese.
Alimentamos uma firme esperança de que, assistindo-te a mão propícia de Deus, a Igreja Catedral de Garanhuns seja eficientemente regida pelos teus dotes pastorais e receba prósperos incrementos quer nas coisas espirituais como nas temporais.

Dada em Roma, junto de São Pedro, no dia 3 de julho do ano de 1919, quinto do nosso pontificado.

a)Bento papa XV

a)Otávio Cardial Cagiano - Cardeal da Santa Madre Igreja.(Foto:D. João Tavares de Moura 1º Bispo da Diocese de Garanhuns.

(Fonte da Pesquisa Livro "A Terra dos Garanhuns" do Profº João de Deus de Oliveira Dias).

GARANHUNS


Tercina Lima Silvestre

Só não torna quem não pode
A visitar Garanhuns
Berço de Simoa Gomes
Ninho dos pretos anus.

Com seus morros decantados
Seus jardins, sua gâroa
Pau Pombo dos namorados
Sua água santa e boa.

Arraial menina linda
Dos olhos de um sonhador
Que se faz de bicho feio
Para esconder seu amor.

Em toda hora há beleza
Nesta cidade de escól
Mas, a alma se deslumbra
É vendo seu pôr do sol!
(Foto: Parque Ruber van der Linden)