Tuesday, July 31, 2012

LÁ VEM O TREM


Luiz Gonzaga de Lima (Gonzaga de Garanhuns)

Quando o trem dava partida
Seu apito eu ouvia
Só para vê-lo de perto
Ligeiramente eu corria
Era o trem passageiro
Que bastante ligeiro
As onze horas descia

Lá vem novamente o trem
Escalando a serrania
Come era meu costume
Só para vê-lo corria
Era mesmo passageiro
Que serrando bem ronceiro
Pelas três horas subia

Pelas dez horas do dia
O trem de carga apontava
Um cesto contendo frutas
Numa vara pendurava
Com as frutas na cestinha
Logo pra beira da linha
Eu então me destinava

O maquinista contente
Aquela cesta pegava
Muita lenha, muita cana
Para mim ele soltava
Assim era minha vida
Na Tiririca querida
Aonde o trem passava.
(Foto: Antigo Terminal Ferroviário de Garanhuns, em bico de pena de Marcílio Reinaux).

Monday, July 30, 2012

Arthur Maia o Príncipe dos Poetas de Garanhuns


Marcílio Reinaux

Pode ser que apareça alguém que cante Garanhuns em loas tão belas e profundas como o poeta Arthur Brasiliense Maia(foto). Pode ser, mas até agora não vimos. Na realidade Arthur Maia não nasceu em Garanhuns como muitos pensam. Ele foi um desses tipos que aqui chegando, fincou as suas estacas, esticou as amarras da sua tenda e foi ficando, como Lauro Cysneiros, como "Senhor de Quelé", como meu pai, Antônio Reinaux, como seu "Chico Gomes" e tantos outros "forasteiros". Aqui chegam, amam a terra e ficam. A terra de Simôa Gomes também não faz por menos, dá a paga; retribui aos seus "filhos adotivos" e os ama e os protege e os faz crescer no labor das suas vidas.

Arthur Maia nasceu em Gameleira, em Pernambuco, em 22 de dezembro de 1880. Aos nove anos apenas veio para Garanhuns começando logo a frequentar uma das nossas escolas. Afeiçoado às letras, alguns anos mais tarde se tornaria professor emérito, dos mais respeitados do Município. Ausentou-se por uns anos retornando a Garanhuns, quando tinha 18 anos e aqui fixando-se definitivamente. Em 18 de março de 1911 casou com uma moça da "sua terra querida", como sempre mencionava. A convite do Professor Jerônimo Gueiros, uma das mais expressivas figuras da cultura de Pernambuco, foi lecionar em Tiúma, perto do Recife e depois em Palmares tendo também lecionado no Rio Grande do Norte.

Desde cedo, conta seu principal biógrafo, Amadeu Aguiar, escrevendo o prefácio da primeira edição do seu livro "VERSOS", "Arthur Maia demonstrava iniludível inclinação para as Letras. Estudava atentamente. Por esse tempo era de natural arredio, e evitava o convívio dos colegas que se não recomendavam por um comportamento exemplar.

Arthur Maia era magro, de olhos fundos mas suaves e de estatura mediana. Um homem simples, sem ser atraente à primeira vista. Estudando a sua vida e a sua personalidade a partir de alguns apontamentos e sobretudo de observações que fizemos das suas poesias entendemos que mesmo sendo um parnasiano, Arthur Maia, deixava transparecer na sua obra poética, um traço de amargura e de tristeza. Alguma coisa parecida como a obra de Augusto dos Anjos. Uma existência de vencido, como ele mesmo vaticinou em um dos seus sonetos:

"Serás, na terra, sempre, um louco, um visionário
Rezando da Amargura o lúrido rosário.
Com que se promprazeu dotar-te o negro Fado!
E assim, de fragoa em fragoa, e a palmilhar espinhos
Da vida seguirás os ásperos caminhos,
Eterno sonhador, eterno desgraçado!"

Ao ler sobre a vida de Arthur Maia, lembramo-nos de Papini e entendemos que como o célebre escritor italiano. Arthur Maia poderia dizer: "Não; eu não conheci a meninice. Não me lembro absolutamente de ter sido criança". Assim era Arthur Maia. Só que no recesso daquele corpo esguio, com atitudes de um ético, vibrava intensamente um coração enternecido pela vida, um cérebro que sofria, mas que cantava amorável e enternecido. Os maiores problemas da vida desse genial poeta, deve-se ao seu estado lastimoso de penúria e quase miséria. Como conseguir escrever, compor, cuidar do aprimoramento cultural se as necessidades materiais eram gritantes? Começou a lecionar em 1907. Mesmo com sacrifício matriculou-se na Escola de Dr. Eduardo de Aquino Fonseca, verdadeiro, espírito de pedagogo, pelo qual o poeta sentia profunda admiração.

O entusiasmo de Arthur Maia leva-o a fundar a Escola Raul Pompéia, um externato misto de instrução primária e secundária, mas que logo haveria de fechar por falta de recursos. O mestre passa então a lecionar isoladamente, a pessoas por não ser possível manter a escola.
O Poeta e Professor Arthur Maia, viveu e morreu na pobreza. Basta lembrar o Ato 129 do Prefeito Mario Lyra, datado de 31 de maio de 1938, onde a Edilidade abre crédito especial de cento e cinquenta mil réis para atender as despesas com o funeral de Arthur Maia.
(Fonte: Artigo publicado no Jornal "O Monitor" em 10 de novembro de 1984).

EM 1985 GARANHUNS JÁ ERA CAMPEÃ NACIONAL DE ATLETISMO


Garanhuns brilhou no cenário do atletismo e conseguiu numa sequência inédita, três títulos: campeão pernambucano, campeão do Norte e Nordeste e o de campeão brasileiro da marcha atlética dos 5 km, na categoria estudantil.

A grande estrela da época foi Adriano Patrício da Costa, aluno do Colégio Diocesano de Garanhuns. Ele foi preparado pelo professor José Jacinto Soares (Zé Pequeno), do Centro Desportivo de Garanhuns e também professor do Colégio Diocesano, com apoio da Prefeitura Municipal de Garanhuns. Mas Adriano concorreu pelo Colégio Diocesano de Garanhuns.

Adriano Patrício, foi campeão dos Jogos Escolares de Pernambuco, na sua categoria, na primeira semana de novembro daquele ano. Já na terceira semana de mesmo mês, foi campeão e recordista do Norte e Nordeste e, para completar a excelente fase do atleta garanhuense e a satisfação dos que faziam o atletismo em Pernambuco, no dia 14 de dezembro sagrou-se campeão brasileiro na categoria estudantil. Fica aqui a nossa homenagem ao Adriano e ao meu ex-professor de Educação Física José Jacinto (Zé Pequeno).(Foto:Colégio Diocesano de Garanhuns).

Mundo Pressão

Carlos Janduy

Começo de vida,
Pé de escada,
Sonhos forçados,
Vida agitada.
Caminho apertado,
Cabeça cansada,
Imagem de luta,
Ferida marcada.

O tempo tão pouco,
Descanso incompleto,
A sorte esquecida,
Destino incerto.
Espaço pequeno,
A vez não é essa!
Juventude adiada,
Velhice depressa.

E é assim
A vida dos homens
Que querem, sim,
Matar a fome
E são heróis
Desconhecidos,
São seres assíduos
Ao MUNDO PRESSÃO.

Sunday, July 29, 2012

DEUS TE AMA - OLHA POR QUE!

VIOLEIROS E REPENTISTAS


Lauro Cysneiros

Poesia da alma sertaneja. Belíssima tradição desses recantos longíquos daqueles gritos saudosos das seriemas esquivas. Proscênio encantador dessa poesia, inspirada à pacatez dessas paisagens ingênuas daquela vasteza infinita, de imperecíveis recordações!... onde, parece-me, decorreram os dias mais felizes de um trecho da minha vida... senão, mesmo, o a mais suave período de funcionamento público nas diferentes Municipalidades pernambucanas, a mais ingrata carreira que me coubera em espécie.

Belém de São Francisco. Pequenina e interessante cidade sertaneja situada bem nas margens do majestoso rio daquelas regiões nordestinas.

Na excentricidade poética dessa terra bravia, onde prolifera o chique-chique e o facheiro, à infinidade dessa cardite espínea que alastra, em grande parte, a ressequida gleba sertaneja, descansa a pátria dos "imortais" Violeiros e Repentistas. Esse glorioso berço de um Silvino Pirauá, devaneando aos maviosos acordes da sua enternecente viola, à ofuscação deslumbrante do merencório luar sertaneja... e que, hoje dorme o sono profundo no insondável do além...

Dorme, poeta! e aceita

Meu abraço comovido,
Tão cheio de nostalgia.
Ao cantor estremecido,
Aquele vate querido,
Que dorme agora esquecido,
Debaixo da terra fria...

É francamente, admirável a virtude, evidentemente sentimental, da alma sertaneja. Surpreende-nos aquela facilidade que empresta, com tamanha elegância e visível naturalidade, aos seus expressivos repentes.

Aqui, me vem à memória essa quadra originalíssima de um maravilhoso repente do afamado violeiro Antonio Marinho, natural de São José do Egito, dirigida a um seu colega de não menos relevo genérico:

"Canta, canta, Mergulhão,
Desempenha os teus papéis,
Eu também sou cantador,
E já fui como tu és,
Perdi noventa por cento,
"Tô" me arranjando com dez".

São raridades essas que lhes vem do berço. É um campo sem cultura, mas onde a natureza lançará a semente de origem, para brindar-nos com a primazia da insopitável colheita.

Eu te bendigo, poeta! nessa admirável constante da tua fascinante obscuridade!...

Eu te exalto a memória, na indelével saudade dos tempos que se foram...

Dorme, poeta, teu sono,
Descansa, nesse abandono,
Jóia perdida... sem dono...
Qual um mísero proscrito,
Embora sempre abraçado,
Com tua viola de lado,
Ao chão abençoado,
De São José do Egito!...

(Fonte: Publicado no Jornal "O Monitor" em março de 1980. Lauro Cysneiros foi escolhido por Agamenon Magalhães o homem de confiança para Celso Galvão. Foi amigo de todos os seus colegas de repartição, chegando, pela confiança que tinha, assumir temporariamente as funções de prefeito.)

UM GOVERNADOR MOCHILEIRO: ERALDO GUEIROS LEITE


Eraldo Gueiros Leite(foto) nasceu em Canhotinho em 18 de janeiro de 1912.
Filho de José Ferreira Leite e de Amélia Gueiros Leite, fez o curso primário na sua cidade natal, e o secundário no Ginásio Pernambucano. Em 1935 formou-se em Direito

Dedicou-se à advocacia e ao exercício do cargo na procuradoria da Justiça Militar. Foi advogado da Pernambuco Tramway, empresa canadense prestadora de serviços de luz e força no Recife.

Foi integrante do Superior Tribunal Militar após concurso, no governo do general Eurico Gaspar Dutra em 1957. Após a instauração do regime de exceção no Brasil, transferiu-se para o Rio de Janeiro em setembro de 1964, para assumir a Procuradoria Geral da Justiça Militar, durante o governo de Humberto de Alencar Castelo Branco. Em março de 1969, foi empossado como ministro do Superior Tribunal Militar, no governo de Costa e Silva.

Através de eleições indiretas, tomou posse em março de 1971 na condição de governador do Estado de Pernambuco governando de 1971 a 1975.
O serviço de abastecimento de água em Garanhuns foi uma das suas obras nesta terra.
Faleceu em 5 de março de 1983 aos 71 anos de idade.

"Eraldo soube conciliar a figura do advogado, do jurista, do administrador e do homem, sensíveis aos problemas do seu País. Homem simples do interior, chegou a ocupar os cargos mais importantes na vida pública. Todavia nunca esqueceu suas origens. Lembrava sempre a sua infância às margens do Rio Canhoto e da sua telúrica cidade de Canhotinho. Foi um homem digno de respeito dos seus concidadãos. A história falará de sua vida, cultuando a sua memória". José Inácio Rodrigues na época do seu falecimento Prefeito de Garanhuns.

Foi em vida um homem correto nas funções. Humano. Não odiava ninguém "Pernambuco perdeu, realmente, uma das grandes expressões públicas". José Ramos. Governador de Pernambuco em 1983.
Fica aqui a nossa lembrança em memória do nosso parente, que este ano completou 100 anos do seu nascimento.


Saturday, July 28, 2012

POEMA A GARANHUNS


Antonio Inácio Rodrigues

Garanhuns, trago na minha mente
A visão do inconsciente
Para cantar o teus encantos
E as tuas belezas naturais
As quais fizeram de ti cidade das flores.

Do alto do Magano, tenho uma visão do Olímpios
Donde a imagem, de braços abertos,
De Cristo Redentor, abençoa o teu povo
E todos que te visitam.

Do Mundaú, sinto uma visão cósmica
Foi de lá que aprendi a ver e sentir
A quem um dia eu teria que amar.

Do Monte Sinai, busco o infinito
E vejo, que tuas serras azuladas
Vistas, ao longe, se confundem com os céus.

Do morro do Cruzeiro, observo que teus ventos,
Vindo uivantemente de outras colinas
Se misturam com os perfumes de tuas flores
Para refrescar a alma de tua gente.

A verdade é que, subindo montes ou descendo morros,
Todos tecidos por construções caseiras
Tu Garanhuns, ficas no coração da gente
Para nunca mais sair.

Como me recordas, cidade das Sete Colinas
Banhando-me com tuas águas cristalinas
Vindas das fontes divinas
Que a sede de Deus saciou.
E na paz abrasadora do teu clima
O meu corpo um dia se agasalhou.

Portanto, ouça o cantar de quem te ama
Que precisa adormecer no silêncio de tuas noites
E acordar no alvorecer de tuas azuladas manhãs.
Não permitais que o vão destino feche meus olhos,
Em distantes terras estranhas,
Pois preciso do teu clima para à sanidade
Para que sempre estejamos juntos
Uma vez mais juntos à eternidade
A fim de gozar do repouso e da paz
Que somente tu, sabes ofertar, GARANHUNS.

ACONTECEU NO BAIRRO DO MAGANO EM GARANHUNS



No ano de 1971, faleceu um cidadão no sítio Belamente, aqui bem perto da cidade de Garanhuns. Um vizinho, dono de um caminhão veio com pessoas da família e o ajudante do caminhão, comprar o caixão na funerária.

Isso aconteceu a noitinha, estava garoando e feita a compra do caixão, colocaram em cima do caminhão e o ajudante ao lado; seguiram viagem para o sítio. Devido a chuva fina, o ajudante entrou dentro do caixão e cobriu para não se molhar. Quando o caminhão chegou no posto de gasolina, parou e apanhou alguns passageiros, todos subiram na carroceria sem saberem que dentro do caixão havia um elemento. Nas imediações do viaduto, que na época não existia ainda, o elemento achou de abrir o caixão, colocou o braço fora e perguntou: Já estiou? Nesta ocasião o caminhão em movimento, pularam todos que se encontravam em cima e foi um Deus nos acuda, gente de cara quebrada, braço, perna, outros arranhados. O motorista quando tomou conhecimento parou o carro e foi socorrer as vítimas. O ajudante por sua vez, desapareceu para não morrer. São coisas da vida, não sabemos se foi maldade ou não do comportamento do ajudante. Que aconteceu, aconteceu!!!
(Fonte: Muitas histórias, curiosidades e acontecimentos sobre o bairro do Magano em Garanhuns, estão no livro "História do Magano" de Lamartine Peixoto Melo, recomendo).

WASHINGTON MEDEIROS GRANDE POETA


César Fula

Ser poeta
É um dom, que quase ninguém tem
É poesia, que fala das flores, das árvores,
Da lua, do sol, das mulheres,
Das estrelas e do mar.
Fala dos grandes artistas
E dos pássaros que gostam de cantar.

Ele foi um grande poeta
E também um grande compositor
Falava da natureza
Da paz e do amor.

Ele foi um ser humano
De grande capacidade
Sempre usava o bom censo
Cheio de felicidade
Adorava a Boa Vista
Garanhuns e Lajedo sua cidade.

Foi um grande homem,
Que prá Deus sempre serviu
Admirava os seresteiros
E também todo Brasil
Assim era Washington Medeiros(foto)
Admirador de Calheiros
Que prá sempre com Deus se uniu.

ORIGEM DO NOME DA RUA DOM JOSÉ EM GARANHUNS


A atual rua Dom José era conhecida pelo nome de rua Bela e do C? do boi. É porque antigamente dois de seus moradores, tiveram um desavença por causa de uma roça de mandioca plantada no quintal de um deles, devorada pelo boi de um vizinho. O dono da roça, tipo de maus instintos, como vingança, introduziu no ânus do boi, um sarinho de fumo(onde se enrola fumo em corda), o que ocasionou a morte do animal.

O bárbaro foi preso, teve que pagar naquele tempo, 12$000, pelo boi, passando a rua a ficar conhecida por tão feio nome.

Quando em outubro de 1886, Garanhuns recebeu a visita do 1º Bispo, a esta cidade, as ruas da mesma foram todas engalanadas, sobressaindo nos enfeites a supracitada rua. Dom José a passeio, pela cidade, notou que aquela rua estava mais ornamentada que as demais e perguntou-lhe o nome. Alguém respondeu: Ela tem dois nomes, Excia., rua Bela e rua do C? do Boi. O pároco da freguesia, adiantando-se, disse: Senhor Bispo, esta rua é mais conhecida pelo nome de C? do Boi. Ao que redarquiu Dom José, o primitivo nome é mais apropriado.

A Câmara Municipal (Conselho Municipal), de então, aproveitando a ida de Dom José ao Colégio de Bom Conselho, reunida, deu à referida rua o nome de Dom José, não só pela maneira de trato do referido sacerdote, como em homenagem à visita do primeiro Bispo a Garanhuns.
(Fonte: "Jornal Tempos Novos" 17/11/1935. Foto:Rua Dom José década de 20, arquivo pessoal).

Thursday, July 26, 2012

DELMIRO GOUVEIA TRAZ PRIMEIRO AUTOMÓVEL À GARANHUNS

EM 20 DE AGOSTO DE 1916 TEVE ENTRADA NESTA CIDADE, VINDO DA PEDRA, ALAGOAS, O PRIMEIRO AUTOMÓVEL, DE PROPRIEDADE DO SR. DELMIRO GOUVEIA.

Delmiro Augusto da Cruz Gouveia(foto) não foi somente o pioneiro do aproveitamento de Paulo Afonso, foi também o grande precursor na criação da grande indústria na zona das caatingas. Ainda lhe coube a primazia na introdução do automóvel no sertão nordestino. Adquirindo carros europeus, abriu às próprias custas 520 km de estradas de rodagem, ligando a Pedra à cachoeira, aos centros urbanos vizinhos, Água Branca e Mata Grande e as portas de trilhos da "Great Western", na cidade alagoana de Quebrangulo, passando a rodovia por Santana do Ipanema e Palmeira dos Índios, e na cidade pernambucana de Garanhuns, via Santana e Bom Conselho.

A construção das estradas foi iniciada em 1911, a partir da Pedra. Ainda no primeiro semestre de 1912, os automóveis do Coronel Delmiro já alcançavam Santana de Ipanema. As novas estradas continuaram sendo abertas nos sertões alagoano e pernambucano e tiveram de galgar o rebôrdo meridional da Borborema, através das serras do Muro e de São Pedro, para atingir a região do agreste, onde localizavam os terminais ferroviários.

Duas turmas de trabalhadores mantinham estas primeiras rodovias sertanejas em bom estado de conservação, de modo que foi deslizando sobre elas que os caminhões "Ford" e os automóveis "Chevrolet", alguns anos mais tarde, ganharam o caminho do sertão alagoano, enquanto muitas outras regiões do país continuavam dependendo do carro de bois e do lombo de animais.

Um elegante "Fiat", um "Austin" grande e outro pequeno e um imenso "N.A.G." obedeciam docilmente a uns mágicos chamados "Seu" Cruz, João de Deus, Euclides ou Luís Maranhão, Zé Pó e Campina. "Seu" Cruz era um gênio, sabia até afinar piano. E da Pedra até Garanhuns, o povo conhecia cada um dos automóveis, pelo som da buzina. Lá em Santana do Ipanema, Antônio Bocão nunca se enganou: o carro fonfonava na grande curva do rio, a meia légua da cidade. Daí a pouco o automóvel parava na frente do sobrado do Coronel Manoel Rodrigues: era Delmiro, Iona, Adolfo Santos, Borella, Ferrário ou o médico da Pedra, de passagem para Quebrangulo ou Garanhuns.

Enquanto o hospede jantava lá em cima, o chauffeur se desdobrava em complicados serviços: colocava óleo e gasolina, bulia numa pequena bomba misteriosa e preparava os faróis de acetileno para viajar durante a noite. Era preciso chegar na estação, antes do trem partir. E o carro puxava 60 km por hora.

Com as rodovias de acesso à cachoeira de Paulo Afonso, começaram as excursões. Em fins de julho de 1915, o então Ministro da Agricultura, Dr. José Bezerra, em companhia do Governador de Alagoas, Dr. João Batista Acióli, do Deputado Federal Pernambucano, Dr. Manoel Borba, do Escritor Bastos Tigre, Secretário do Ministro e dos engenheiros Eugênio Gudin, Jungsted e Butler, foi visitar a cachoeira. Os excursionistas fizeram a viagem de Quebrangulo a Pedra, em três automóveis, durante sete horas, percorrendo 300 km, a tardinha e na noite de 28 de julho. Na manhã seguinte, visitaram a fábrica de linhas e a usina hidrelétrica.

O Ministro da Agricultura e sua comitiva retornaram a Maceió no dia 30. E o "Diário de Pernambuco" de 2 de agosto já publicava uma entrevista do Escritor Bastos Tigre, que descreveu a excursão e se mostrou encantado com a bela iniciativa do Coronel Delmiro Gouveia, o primeiro industrial brasileiro a conquistar para a indústria uma parcela desse formidável tesouro que a natureza guardava ali.

Nos meados de 1916, Manoel Borba, na qualidade de Governador de Pernambuco, foi inaugurar, oficialmente os trechos da rodovia de Delmiro Gouveia, no território de Pernambuco. A comitiva foi de trem até Garanhuns, no dia 22 de agosto, e dela faziam parte o próprio Coronel Delmiro Gouveia e seu amigo de Santana de Ipanema, o Coronel Manoel Rodrigues da Rocha. Às 13 horas, os excursionistas deixaram Garanhuns ocupando quatro automóveis. Às 9 da noite, chegaram a Santana do Ipanema, jantando no sobrado do Coronel Manoel Rodrigues.
Ao que consta da minuciosa reportagem do historiador Mário Melo do "Diário de Pernambuco" de 28 de agosto, o Governador Manoel Borba e sua comitiva, depois de ligeiro descanso na confortável vivenda, de ouvido o funcionamento de um colossal miraphone, recomeçaram a viagem, saindo lá de Santana às 10 horas da noite e chegando ao centro "agro-fabril-mercantil" da Pedra às 2 da madrugada do dia 23. A fadiga era geral e a ordem foi dormir, apenas 4 horas, porque às 6 a voz possante do adiantado industrial acordava os excursionistas.

Já funcionavam, então, na primeira vila operária sertaneja, quatro escolas, serviço médico, cinema e banda de música. A fábrica trabalhava de segunda-feira ao sábado, em três turnos de 8 horas.

O Governador Manoel Borba e sua comitiva percorreram a fábrica, visitaram a usina hidrelétrica, assistiram a uma sessão de cinema e ainda foram homenageados com uma retreta. No dia 24 de agosto, às 5 horas da tarde, deixaram a Pedra, pernoitando em Santana, onde foram hospedados pelo Coronel Manoel Rodrigues. Na sexta-feira, 25, viajaram para Garanhuns de onde sairam de trem para o Recife, às 10 horas da noite.

Na referida reportagem de 28 de agosto, o "Diário de Pernambuco" informou, textualmente: "A estrada que S. Excia. inaugurou tem 246 km, dos quais 115 em território pernambucano, ligando Garanhuns a Bom Conselho e estas localidades a Quebrangulo, Santana do Ipanema e Pedra, em Alagoas.

O Historiador Oliveira Lima e os Jornalistas Plínio Cavalcanti e Assis Chateaubriand também visitaram a Pedra, no tempo de Delmiro Gouveia. Ficaram impressionados com o surto civilizador que ali encontraram.

Aquele famoso intelectual, que conhecia o mundo inteiro: ficou admirado com a obra de Delmiro Gouveia: "Nunca supus, e com dificuldade o acreditaria se o não tivesse visto, que no alto sertão se encontrasse o que debalde de procuraria na zona açucareira ou mesmo nas capitais destes estados, num resultado devido simplesmente, um simplesmente que é tudo ao empenho de um homem pôs em construir um edifício moral da solidez e do brilho do que me foi dado admirar".

O Jornalista Plínio Cavalcanti descobriu na Pedra uma verdadeira Canaã sertaneja, "tão branca e limpa, que a primeira vista julguei-a um grande algodoal de capulhos alvejantes". E Assis Chateaubriand percebeu na obra admirável de Delmiro Gouveia uma resposta magistral a "Canudos", com a substituição do fanatismo e do banditismo pela moderna civilização industrial, baseada na ciência e na técnica.

Menos de dois anos após o desaparecimento do criador desta imensa obra, foram conhece-la Dom Sebastião Leme, Arcebispo de Olinda e Recife e Dom Duarte Leopoldo, Arcebispo da Capital paulista. Dom Duarte e Dom Leme, acompanhados pelo Dr. Tarcilo Leopoldo e pelo Cônego Benígno Lira, partiram do Recife em 25 de setembro de 1919, pernoitando em Garanhuns. No dia seguinte, viajando de automóvel, chegaram a Pedra, às 8 horas da noite. No sábado, 27 de setembro, visitaram a cachoeira de Paulo Afonso e a fábrica de linhas. A noite em majestosa solenidade litúrgica, o Arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo, sagrou a igreja de Nossa Senhora do Rosário, primeiro templo construído no centro industrial das caatingas.

Regressando ao Recife, Dom Duarte concedeu longa entrevista ao "Diário de Pernambuco" de 1º de outubro, em que se podem ler palavras de grande entusiasmo: "Venho positivamente maravilhado. Se em minha vinda ao Norte só me fosse ver Paulo Afonso, digo-lhe com franqueza que Paulo Afonso pagava a viagem. Tive ocasião de ver como é possível desenvolver a civilização e vi a própria civilização em pleno coração sertanejo".

Outra importante visita feita à Pedra foi do inglês Arno S. Pearse, Secretário Geral da International Federation of Master Cotton Spinners and Manufacturers Associations, durante os meados de 1921.

Com a sua reconhecida autoridade no assunto, Mister Pearse, no documentado relatório das observações que fez no Brasil, diz que a Fábrica da Pedra merece especial referência, devido ao extraordinário trabalho e empreendimentos pioneiros, que foram exigidos na sua instalação, trabalho inteiramente iniciado e concluído por um brasileiro, o cearense Delmiro Gouveia.

Depois de elogiar a vila operária e a disciplina reinante no centro industrial, Mr. Pearse escreve: "Os operários são bem comportados, bem vestidos e limpos. Quando vão para o trabalho, estão mais bem trajados do que o operário de fábrica europeu médio em dia de domingo.
O Coronel Delmiro Gouveia foi assassinado em 10 de outubro de 1917, em seu chalé na Pedra.
(Fonte da Pesquisa: Livro "Delmiro Gouveia O Pioneiro de Paulo Afonso" do Escritor Tadeu Rocha).

Wednesday, July 25, 2012

O CRISTO DO MAGANO


Ronildo Maia Leite

Magnífico esse Magano.

Seu Cristo está mais perto do céu
do que o Redentor,
dos cariocas, um corcovado.
Esse, não.
É miúdo em tamanho, mas se empertiga no nicho.
Sem se curvar nem um pouco,
estica os braços,
arrebita a cabeça,
desacocha os espinhos,
infla a caixa-de-peito,
faz finca-pé nas traves da cruz,
desatarracha os pregos,
olha sisudo pras coisas.

Um Senhor Jesus.

Ao seu redor,
200 metros lá embaixo
a cidade que já foi dos cariris
chegados dos Andes,
dos negros de todas as áfricas.
Depois dos brancos
bichinho ruim da peste, aqueles brancos,
que chegaram com a morrinha
matando índios e surrando escravos.

Ele faz que nem vê,
perdoar que sabe.

No final das tardes, cruza os braços pro infinito,
para amornar a bolota do sol,
o mais emocionante pôr-de-sol da face da terra.
Descruza os braços espalmando as mãos
Como fazem os padres dando benção ao povo,
como fazem os pais abençoando os filhos.

Então,
dá um sopro bem grande na frescura do sol.
Mas, não se apaga o dia.
Do entrebraços, o redondo da lua.
Clara, gordona.
Cortina de neon, sugere a cordilheira,
pois já me disseram ser esse luar
um trancelim no pescoço das serras.
(Foto: O Cristo do Magano em Garanhuns).

Friday, July 20, 2012

Resistência

Genivaldo Almeida Pessoa

Preciso correr sem parar...
Até não poder mais...
Mas, tentar alcançar
Aquilo que o sonho não empatou
Terminar...
Andar ligeiro, correr...
Mesmo no sofrer da incerteza
Do destino traiçoeiro preciso correr
Sonhar menos, encostado ao travesseiro
Sem temer a noite escura,
"Contar as estrelas"
Enfrentar a vida dura, e vive-la
Com a esperança de ter paz e fartura
Sem temer o espanto de tanto,
Correr...
Enfrentar a amargura
De que sempre sozinho no viver
Pode haver o encanto...
Que na força da fé haverei de vencer
Na raça...
Sem parar de correr.

O tempo passa...

Wednesday, July 18, 2012

GARANHUNS QUEM TE CONHECE JAMAIS ESQUECE

Tuesday, July 10, 2012

ZABÉ DA LOCA CANTA FULÔ DO MAMOEIRO

Zabé da Loca estará se apresentando no Festival de Inverno de Garanhuns na sexta-feira, 16 de julho no Palco da Cultura Popular no centro de Garanhuns.

ATLETA DE GARANHUNS É 2º COLOCADO EM MARATONA NO RIO DE JANEIRO


Na manhã deste domingo (08), o atleta Marcos Antônio Pereira, patrocinado pela Prefeitura de Garanhuns, conquistou a 2ª Colocação na Maratona Internacional do Rio de Janeiro.
A disputa foi vencida pelo queniano Willy Cangogo Kimutai, que de quebra ainda bateu o recorde da prova, com o tempo de 2:15:01. Marcos Antônio com 2:17:07 e David Kiprono Metto (2:17:28), completaram o pódio.
Curiosamente, na maratona carioca de 2009, Marcos Pereira venceu e Kimutai ficou em segundo.
Além de Marcos, os atletas Alan Bizerra e Jair José também conseguiram ótimos resultados na prova de 42 Km. Alan cruzou a linha de chegada em 5º e Jair em 7º. Os atletas também contam com o patrocínio da Prefeitura de Garanhuns.(Fonte: Blog Agenda Garanhuns).

Depressão


João Marques

A pedra pesa e cai
de onde se origina
o pende para o chão
de fundos abissais
é passagem e ponto
para olhar perdido
que procura um porto
fixo e sólido e só
a pedra é a praia
de sonhos distantes
silêncio que parte
e acha guarida
no solidez dos milênios
esta rocha esta alma
vestida de tempo
e vento pelas mangas
é estrela solta agora
dos pontos do céu
dos roteiros de luz
pedra assim pedra
de horizonte aberto
por cratera infinda
é minha a pedra
presa aqui no peito
de inflexões e pó.
(Foto: Parque Euclides Dourado - Garanhuns-PE)

Thursday, July 5, 2012

PROGRAMAÇÃO DO PALCO GOSPEL NO 22º FESTIVAL DE INVERNO DE GARANHUNS.

32 ANOS DA VISITA DO PAPA JOÃO PAULO II (in memorian) AO BRASIL.