Monday, August 20, 2012

RETRATOS



Rinaldo Souto Maior 11/1986

Ao poeta e "Mochileiro" José Inácio Rodrigues. (in memoriam)

Na Boa Vista vejo, no alto da casa
paroquial, bebendo vinho de missa,
Padre Cornélio e o boêmio Zé catão
Na voz langrosa de Wilson da Mota
o poeta intangível de Hélio Peixoto,
ressuscitando todos ouvidos:
"Garanhuns terra dos seus avós, terra
das manhãs frias e dos bonitos arrebóis"...
Ao fundo acordes musicais do violão de
Euclides Pernambuco.

Velhos retratos malogrados e pelo
tempo amarelecidos que, de repente,
em minhas lembraças, tomam forma.
Revivem fortes cores, multicoloridas,
nas entranhas recordadas.
Esses retratos...
Refazem imaginações e espectros do passado.

Conta-corrente acesa apenas pela chama
temporal do sucesso, o mundo somente
reconhece êxitos e não perdoa malogros,
na verdade de um filósofo chinês.

Contabilização difícil do passado com
o presente, na aritmética heterogênea das pessoas.
Que se somam menos.
Então poeta que em São Paulo nasceste de migrantes
nordestinos, "mochileiros" quatrocentões da boa cepa
garanhuense?
Quantas coisas tens recitado em todos entreveros
das lutas empreendidas, das vitórias auferidas, e dos
malogros também amargados?

Tudo isso na multiplicação de tantos "amigos meus,
amigas minha" no refrão do boa-noite radiofônico em que
evocas o passado, perenizando-o no presente!
(Na foto: Antiga Padaria Royal, hoje Padaria Suiça).

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