Ao Dr. Souto Filho
Belarmino da Costa Dourado
Acorda mulher formosa,
Junto as águas de crystal
A lua já beija a rosa,
Num beijo nupcial.
Entre as molhas orvalhadas
Dormem os sylphos sonhando,
Ao som brandas toadas
Dos bardos, que vão cantando.
Acorda, o rio, o outeiro,
Se desata em mil canções,
Desde as trovas do barqueiro
Aos cantos das solidões.
Vém em minha alma os fulgores
Plantar da fé que preciso;
Sorrirás, flor dos amores,
Basta-me a luz de teu riso.
Cresce a noute, abre a janella
Que o luar banha de luz;
Desperta, é linda a aquarella
Que a natureza produz.
Já da aurora a branca estrella
Se esvae, qual pallida flor.
Ficas dormindo donzella,
Quanto tudo diz amor?
Acorda, etherea falúa,
Num voar subtil de luz,
Lá do céo descendo a lua.
Boia nos lagos azues.
Vém ouvir a voz plagente
Da guitarra harmoniosa,
Que além se ouve dolente
Na noite silenciosa.
Vém ouvir, que a noute expira
No seio da creação,
"Na extrema corda da Lyra,
A derradeira canção".
(Fonte: Jornal "O Sertão" maio de 1919.)
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