Friday, March 30, 2012

Morre no Recife, aos 87 anos, o fotógrafo Edmond Dansot


O fotógrafo francês Edmond Jacques Pierre Dansot, desde os anos 1960 no Recife, sempre falou de sua paixão em ser fotógrafo acima de tudo.
Ainda jovem sem poder adquirir uma câmera teve bastante tempo em não fotografar. Esse mesmo tempo lhe deu "sensibilidade e observação".
Seu acervo contabilizava 150 mil documentos classificados.
O francês, que veio para o Brasil com 13 anos de idade, junto com um grupo de religiosos maristas, com o objetivo de tornar-se um missionário, tinha o coração dividido entre os dois países.
"Todas as pessoas têm duas pátrias: uma é o seu país natal e a outra é a França. Comigo, não poderia ser diferente", afirmava.
A relação de Edmond Dansot com o futebol aconteceu por acaso. Os missionários maristas trabalhavam no ramo da educação. Dansot ensinava matemática, física, francês e desenho nos colégios maristas de Belém do Pará e do Recife.
Como complemento dessas matérias, resolveu aprender a arte da fotografia. Quando, após 20 anos trabalhando com os maristas, Dansot resolveu sair da congregação, foi trabalhar como fotógrafo.
Ele começou a nova carreira colaborando com o maior jornal esportivo francês, o L"Equipe.
"Naquela época, no Recife, o que existia em matéria de fotografia eram os lambe-lambes do Mercado de São José e os postais da Rua Nova", lembra. Edmond Dansot resolveu então trazer para a capital pernambucana um padrão de fotografia mais artística e firmou seu nome no mercado até hoje.
Na Copa de 1986, realizada no México, quando o Brasil jogou contra a França nas quartas-de-final, Dansot assistiu à partida junto com os amigos brasileiros. "Eu nem ia ver, mas uma afilhada minha me arrastou e disse que, já que eu era francês, mesmo estando naturalizado brasileiro, tinha que torcer pela Seleção Francesa", conta ele. No final do jogo, quando o Brasil foi desclassificado pela França, na cobrança de pênaltis, a única reação de Dansot foi se encolher e ficar calado, no fundo da sala.
Apaixonado pelo Brasil, Edmond Dansot diz dever tudo que tem ao País. "Adoro essa nação. Vibro e sofro com ela. Sou grato por tudo que ela me deu. Torço pelo Brasil não somente nos jogos da Seleção, mas para que ele continue crescendo e sendo admirado por todos", afirmava, com um amor que poucos brasileiros têm pela sua terra natal.
Mas amor, quando é dos bons, costuma ter lugar e data. O de Dansot nasceu por volta de 1944, em Belém do Pará, a partir de lições aprendidas com o mestre Fritz Liebmann. Francês de nascimento, o fotógrafo deixou de lado diplomas e cursos no Exterior para se dedicar ao ofício no Brasil, decisão que lhe rendeu grandes e bons frutos. Ao desembarcar, trazia todos os equipamentos necessários para a realização de um projeto: documentar a rotina dos nordestinos na região que despertava sob os auspícios da Sudene. Mas, Dansot, que tinha todos os conhecimentos técnicos, precisava da vivência com profissionais da área para atingir a meta desejada. Foi nessas circunstâncias que se juntou aos grandes do ofício, no Diario de Pernambuco, passando a testemunhar momentos importantes da História do Estado. Suas lentes estavamsempre prontas para serem apontadas para qualquer direção, fosse documentando situações de conflito, clicando colunáveis ou eternizando momentos do automobilismo regional. Visitando lugares como Caruaru, Campina Grande e Maceió ia descobrindo o Nordeste que imaginava antes de ter a competência atestada no dia-a-dia do jornalismo. Hoje, sua obra se espalha por diversas instituições do Estado, a exemplo da Fundaj, e ganha dimensões expressivas, de valor histórico e artístico.(Portal O nordeste)

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