Marcílio Reinaux
Logotipo publicado no Almanaque de Garanhuns de 1937, que foi editado por Felix Rui Pereira e Diretor Ruber van der Linden. |
Meio século não é meia dúzia de anos. É um respeitável espaço de tempo, que sedimenta a vida e as coisas. Esse tempo torna-se tanto mais importante, e o seu significado toma maior vulto, quando observa-se que o mesmo foi premiado numa atividade e função das mais gratificantes e de sobejas recompensas ao espírito humano. Entendo que ser mestre e professor, é aquele que ensina com responsabilidade, dedicando-se por inteiro ao conhecimento do aprendizado para outros; aquele que é portador de uma das mais edificantes atividades, na visão histórica da humanidade. O Imperador Pedro II disse por volta dos idos de 1890 que "Se eu não fosse Imperador desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre do que dirigir as inteligências juvenis e preparar os homens do futuro "
Foi precisamente isso que o professor Augusto Pinto fez em quase toda a sua vida, 50 anos, da qual dedicada a orientação das inteligências dos jovens, contribuindo sobremaneira para a formação de homens e mulheres no encaminhamento para a vida. Ser mestre é ter o dom da arte de ministrar, ensinar, transmitir, redarguir, apropriar-se de conhecimento e transmiti-los com sabedoria, com amor e carinho. É necessário contudo, ter-se uma grande movimentação interior, aquela que leva o indivíduo a palmilhar a vida, mesmo em meio a lutas e sacrifícios, com galhardia e firmeza. O professor Augusto Pinto, provou que foi possuidor dessa firmeza de caráter da responsabilidade e do amor carinho para tudo com que entrega. Tropeços naturais todos temos mas sobrecuja-os com a missão do magistério, que fio seu apanágio.
Nascido em Palmares pelos idos de 1922 com a família foi levado para o Recife e já no final daquela década, transferia-se também com toda a família para Garanhuns. Seu pai, o velho Arnobio com o irmão Anísio tornaram-se comerciante dos mais tradicionais de Garanhuns por quase trinta anos, criando uma penca de filhos por traz do balcão do "Café Glória", cuja participação na vida da cidade nos conduz a uma incontida saudade. O pequeno Augusto (sempre foi de baixa estatura) iniciou os seus primeiros estudos no Ginásio Diocesano sob as vistas austeras de Monsenhor Callou e depois Padre Adelmar, esse exemplo vivo da Cultura de Garanhuns e de Pernambuco. No segundo ano Ginasial transferiu-se para Colégio Quinze, tendo companheiros como Oziel Gueiros, Nair Souto, João Campos, Douglas Maia, Wilson Correia e muitos outros. De espírito muito lucido, de uma vivacidade invejável. Augusto Pinto ingressou nas atividades artísticas e teatrais do Colégio Quinze e fez sucesso. Com Luiz Maia e Gasparine da Mata, fundou o Teatro Estudantil de Garanhuns, que excursionou várias vezes pelo interior do Estado.
Em março de 1939 Augusto Pinto é convidado pelo professor Ruber Van Der Linden a ser seu auxiliar como professor de desenho. Leciona esta cadeira e Geografia, dai por diante até 1946 exercendo também no Quinze, diversas funções administrativas. Na esteira do Quinze, Augusto lecionou em muitos colégios no Recife, sendo diretor de alguns deles. Vale citar: Colégio São Luiz, Agnes Erskine, Henrique Dias, Ginásio Panamericano, Martins Júnior, Alfredo Freyre, Mariano Teixeira, Salesiano e outros.
O professor Augusto Pinto teve assim uma vida pontilhada de efetivos trabalhos e serviços prestados a educação e a cultura de Pernambuco e em especial de Garanhuns, mostrando-se sempre em todos os momentos, uma pessoa de caráter ilibado, afável, amiga, sem se descuidar da seriedade e competência das funções que exerceu. Teve um currículo invejável, brilhante, marcado de páginas e capítulos edificantes de uma vida calcada no temor de Deus, debaixo do Evangelho de Cristo. Foi um eloquente testemunho e exemplo a todos que tem o privilégio de conhecê-lo mais de perto.
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